quinta-feira, 19 de abril de 2012

Dia do Índio

No meu sangue tem muito de terra, de pé no chão, de banho de rio, de pesca e de caça. Meu sangue tem muito de índio, mesmo que eu nunca tenha vivido em oca. Descendente de índio, negro e branco. Cabocla, mestiça, criola. Em meus olhos puxados como os dos meus ancestrais indígenas, levo a única marca visível da minha herança. Em minha alma levo o amor pelo simples, o respeito pela Natureza, o medo do desconhecido, a crença em espíritos, a amizade com os bichos, a admiração pelas crianças e a aceitação do corpo e da nudez. E nesse Dia do Índio, que infelizmente só é lembrado no Ensino Fundamental I, logo que entramos na escola, e visto como um dia bonitinho, eu sinto a dor da submissão e o desespero das tribos que foram humilhadas, exploradas, violentadas e por fim dizimadas. E no meu coração brasileiro bate a esperança de que o tão adorado progresso não termine de atropelar o que, por mais distante que pareça, é também o que eu sou.

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