quarta-feira, 13 de junho de 2012

Novo endereço do Pensamentos

Para quem acha que o Pensamentos anda muito parado, é porque ele mudou de endereço. Agora ele está em  http://pensamentosdeovelha.wordpress.com/. Espero que gostem.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Cigarro x Maconha

Em 1987 a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu o dia 31 de maio (no caso, hoje) como Dia Mundial Sem Tabaco. Em uma nota que fiz ontem para a revista Scientific American Brasil, descobri dados assustadores e vi cair por terra o clássico argumento dos fumantes de "Eu sei que faz mal... dane-se, quem ta se prejudicando sou eu mesmo". Fiquei espantada ao saber que em regiões produtoras de fumo, com safra em dezembro e janeiro, algumas escolas já chegaram a alterar o calendário letivo para que as crianças que trabalham na lavoura possam <ironia>"se dedicar à profissão"</ironia>. Nunca tinha parado para pensar em fatores globais como o fato de 25% a 50% de todo o lixo coletado em ruas e rodovias ser composto por bitucas, nem que o cigarro tem cerca de 4,700 substâncias tóxicas que, além de irem para o corpo do fumante, serão liberadas no meio ambiente. Parece exagero, mas multiplica isso por 25 milhões (número estimado de fumantes brasileiros em 2008). Isso sem falar dos testes feitos em animais, para garantir a qualidade (oi?) do cigarro. 

     Pensando nisso, minha cabeça de ovelha que insiste em devanear relacionou dois fatos: cigarros, que comprovadamente matam, são legalizados no Brasil. Maconha, proibida,  consequentemente traz o tráfico que... olhem só, também mata. Não estou aqui dizendo para acendermos um baseadinho e sermos felizes. Estou dizendo para abrirmos os olhos -- e a cabeça. Em 2010, as seis principais fabricantes de produtos de tabaco do mundo tiveram lucros de US$ 35,1 bilhões, o equivalente ao faturamento da Coca-Cola, da Microsoft e do McDonald`s juntos. Em uma notícia que vi no UOL hoje, diziam que os altos impostos do cigarro, tão comentados ultimamente, não bancam os gastos com saúde. Realmente imagino que não. Ainda mais pensando que cerca de 70% das mortes por câncer de pulmão, brônquios e traqueia são provocadas pelo tabaco.

     Um dos argumentos contra a maconha é que abre portas para outras drogas. Mas ela abre porta por que é uma "droga"? Se fosse vendida na padaria, de forma legal, também abriria? Se a resposta for sim, o raciocínio  deveria se aplicar também ao cigarro, afinal, o princípio é o mesmo: algo "fumável" enrolado num papel. Quantas mortes acontecem diariamente pelo uso excessivo de álcool? Muitas, não? Agora paro pra pensar e concluo que nunca ouvi falar de um assassino maconheiro. Aliás, que termo perjorativo, não? Quem fuma cigarro é popularmente "fumante". Quem fuma maconha, "nóia". Cigarro combate o estresse. Maconha é coisa de vagabundo.

     Não defendo a ideia de que maconha faz bem para a saúde e ressalto que qualquer substância que produza fumaça prejudica o organismo de alguma forma, mas juro que busco entender em que momento concluímos que cigarro é mais seguro que maconha e por isso pode ser legalizado. Talvez esteja na hora de inverter os papéis -- seja ele com filtro, de seda ou de hipócrita. 


terça-feira, 15 de maio de 2012

Coração bom é coração desumano

Que eu tenho uma queda forte por animais (principalmente por cães) é fato sabido. Mas ultimamente meus amores de infância andam mais aflorados e me pego cada vez mais apaixonada pelos animais. E, consequentemente, cada vez mais indignada com uma "espéciezinha" chamada Homo sapiens.
          Hoje uma cachorro estava tentando atravessar uma avenida super movimentada e as pessoas simplesmente ignoraram a presença dele. Ninguém se deu ao trabalho de perder um minuto do seu precioso tempo para ajudar o bichinho a atravessar. Talvez porque pouquíssimos humanos são capazes de se comunicar com os animais. Talvez porque muita gente fale inglês, francês, espanhol e até russo, mas quase ninguém entende a linguagem do olhar. Talvez nenhuma daquelas pessoas que estavam atravessando a rua parou para olhar nos olhos do cão e viu que eles expressavam medo. Os humanos sabem dizer se um carro é nacional ou importado e reconhecem, aos surtos, uma "celebridade global". Mas poucos percebem que um rabinho encolhido e orelhas caídas significam insegurança. Quando ajudei o cão a atravessar a rua e ele encostou a cabeça (toda suja, porque ele morava na rua) no meu joelho, todos ao meu redor fizeram cara de nojo e de "coitada da moça, vai sujar a calça dela". Acho que ninguém ali viu a aura de gratidão, amizade e compreensão que estava ao nosso redor. 
           Não existe animal ruim. Nenhuma serpente, tão temida e pintada como vilã ataca só pra tirar uma com a sua cara. Nenhum tubarão te morde como pesca esportiva. Nenhum sapo tenta te matar porque você é feio. Nenhuma ave corta suas pernas para que voce não possa andar e fique sempre ao lado dela. Humanos são maus, são mesquinhos e arrogantes. A espécie humana me assusta. Além de tudo, humanos são covardes. O maior argumento de quem come carne, geralmente é: ah, mas somos topo de cadeia.... que nem os leões. Sim, somos onívoros, o que inclui comer carne, mas topo de cadeia de verdade caça. Vai lá pegar um javali no mato. Mas vai na raça, porque com arma de fogo é fácil. No mano a mano a gente não é capaz de matar nem um gato selvagem. Talvez seja por isso que admiro tanto os indígenas, daqueles que viviam em harmonia com a natureza e se punham no seu lugar: como apenas mais uma espécie animal... e não como ditadores do mundo.
          E ainda há quem diga que Deus nos fez à imagem e semelhança dele. Se Deus realmente existe e se ele realmente é bom, com certeza ele tem focinho. E espero do fundo do meu coração que esse Deus possa perdoar nossa medíocre espécie e que nos abençoe com lambidas de amor, na tentativa de que nos tornemos um pouco mais desumanos.
        

sexta-feira, 11 de maio de 2012

O encantador e irritante cromossomo Y


Existem mil poesias, músicas e declarações para as mulheres. Elas com certeza merecem, por inúmeras razões, mas não pretendo citá-las aqui. Meu texto é para os homens. Quero escrever para eles, os portadores do tal do cromossomo Y, que mesmo parecendo tão simples, é capaz de gerar um ser tão encantador, com seu corpo imponente e forte. O corpo masculino me fascina. Tão mais músculo, tão mais largo, tão mais duro (com o perdão da ambiguidade), tão mais alto, tão mais homem.
Homem para mim é um eterno e delicioso mistério. Como conseguem ter um cheiro tão sexy depois de sair do futebol? E aqueles pelos estrategicamente posicionados no queixo? Tenho sérias suspeitas de que foram colocados ali só para dar um ar de sutil perigo, só para que as mulheres anseiem por senti-los em sua nuca, ainda que isso signifique sair do quarto um pouco arranhada. Dos olhos e do sorriso nem se fala. Impossível se manter neutra quando eles olham exatamente pra você. Olhar de homem, ao contrário do de mulher, geralmente deixa absolutamente claro as intenções. O problema é aquele sorriso que sempre acompanha – e que faz a gente se matar de tanta curiosidade, tentando decifrar todas as cenas que estão se passando naquela mente. Porque se tem uma coisa que o cromossomo Y garante é imaginação.  
Além disso, homem é engraçado. Eles têm a incrível capacidade de rir de qualquer coisa besta – principalmente das coisas bestas, aliás. Se seu dia estiver ruim, convide um amigo para conversar. Com certeza você sairá de lá mais animada. Enquanto mulher só fala, homem escuta. Homem definitivamente não repara quando cortamos o cabelo ou quando fazemos a unha, mas sacam em cinco segundos quando chegamos em casa com cara de tristes ou de bravas. Talvez porque todo homem tem um ponto fraco: ver mulher chorando. Basta uma lágrima para que os super-heróis se sintam fracassados e se esqueçam de todo o resto. Homem sempre se sente responsável pelo bem-estar feminino. Acho que por isso mesmo eles tentam ao máximo evitar os confrontos com as namoradas. Querer ganhar uma discussão é coisa de mulher.
Homem é simples. Eles não ligam se você tem carro, se tem dinheiro ou se está tão pobre que o único passeio romântico de vocês é tomar um pingado na padaria. Homem é prático. Durante um almoço, enquanto você pensa no que ele está pensando, se está bonita o bastante, se ele reparou que nasceu uma espinha na sua testa, se não está falando alto demais e se ficará chato querer dividir a conta, ele simplesmente pensou que você ficou muito gostosa com esse vestido e que deveria ter pedido um prato com um queijo tão derretido quanto o seu. Homem é parceiro. E exatamente por isso nós precisamos entender que pra eles a pelada aos domingos e aqueles amigos que a gente acha que ainda têm a mesma idade mental desde a oitava série são sagrados.
Não adianta querermos que eles parem de coçar o saco. É nojento, mas fazer o quê? Falar isso é como pedir pra gente parar de mexer no cabelo. Nem tudo são flores, né? Isso vem no tal do Y, junto com todas as delícias masculinas. Também não adianta tentar “educar” sobre a toalha molhada na cama ou avisar que é deselegante dormir logo depois do sexo. Homem é aquela pessoa que passa frio pra você ficar quente, que dorme quase caindo da cama pra você ter espaço, que leva todas as sacolas pra você não ter que carregar peso e que finge que é forte pra você poder ser frágil. Mas no fundo, homens são apenas meninos crescidos. Tão irritantes quanto eram na terceira série. Falando nisso, que bom que apesar de crescerem eles nunca perdem a insuportável e depois deliciosa mania de puxar nossos cabelos. Obrigada por existirem, garotos!

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Ideias de presentes para o Dia das Mães

Faltam apenas alguns dias para o Dia das Mães, mas muitas pessoas ainda não têm a menor ideia de como presentear a mamãe nesse domingão. Como eu amo dar presentes, elaborei uma lista com algumas ideias de presentes legais:

Caixa dos sentidos - Funciona assim: você pega uma caixa bonita, dessas de presente, e dentro coloca um presente para cada sentido. Para a visão, por exemplo, um porta-retrato com uma foto de vocês dois juntos; para audição grava um cd com músicas que ela adora ou, para os mais audaciosos, com uma declaração feita por você; para o tato pode ser um creme esfoliante para a pele; paladar pode incluir alguns dos chocolates preferidos dela e olfato um perfume ou velas aromatizadas. Essas são só algumas opções, mas a escolha dos presentes vai da imaginação de cada filho e do gosto de cada mãe, claro.

Cesta de café-da-manhã - Você pode comprar ou fabricar uma. A primeira opção costuma ser mais cara, mas é mais viável para quem anda sem tempo. A segunda normalmente é mais barata, mais divertida e com mais chances de acertar, porque dentro terá só as comidas que com certeza sua mãe comerá. Caso faça sua própria cesta, uma ideia bacana é você mesmo entregar. Finja que vai sair para comprar pão, cedinho, e volte com a cesta (qualquer coisa esconda na noite anterior na casa do vizinho), tocando a campainha.

Buquê de flores - O clássico feminino que nunca sai de moda. Não há mulher que não se derreta com um buquê. Também fica mais legal se você mesmo tocar a campainha e entregar. Para as mães que gostam muito de plantas vale dar um "buquê" de flores "vivas", plantadas em um vaso, para que ela possa continuar cuidando das flores depois.

Quebra-cabeça personalizado - Se sua mãe curte quebra-cabeça com certeza ficará emocionada com o produto da empresa Net Uau (http://migre.me/914u3). Aqui você envia uma foto (no caso que tenha você e sua mãe) e escolhe o tamanho do quebra-cabeça e a menasagem que virá na caixa. Os preços são bem acessíveis e a entrega vem pelo Correio. Há opções de entrega pelo Sedex. Diversão garantida. Depois que o quebra-cabeça estiver pronto vocês podem emoldurar e fazer um quadro.

Jantar feito por você - Vale pedir para alguma amiga tirá-la de casa, no sábado à noite (porque no domingo geralmente já temos o típico almoço de Dia das Mães marcado), enquanto você prepara um jantar gostosinho. Se não for bom na cozinha, vale a intenção. Mãe gosta de tudo que fazemos, acredite. Pode ser um nhoque simples, com uma salada bem completa, por exemplo, acompanhados de um vinho bacana. Decore a mesa com umas velas legais, e deixe tudo pronto para comer. Quando ela chegar ofereça o jantar. Aqui também é legal incluir uma flor.

Livro de recordações - Basta comprar uma pasta, dessas com plásticos para por folhas dentro, sulfite, canetas coloridas, cola e divirtir-se. A ideia é criar um livro das memórias de vocês. Vale roubar fotos da infância para colar nas folhas, escrever mensagens bonitas, colar o convite de aniversário de um ano, foto dela grávida de você, bilhete, entrada do cinema ou qualquer coisa assim. O importante é ir contando a história de vocês, até o dia de hoje, e deixar folhas limpas junto, para que vocês possam continuar completando juntos o caderno, daqui pra frente.

Vale-presente - Inspirado no vale-presente clássico, você pode criar o seu. Compre uma caixinha de presente pequena, bem linda, e encha-a com papéis recortados em formato de cartão (desses que recebemos em lojas, com o nome do vendedor). Em cada cartão você escreve um "vale algo", bem de filho. Exemplos: vale o filho lavar a louça do jantar. Vale um beijo. Vale um abraço. Vale sairmos para jantar. Vale eu ir te visitar no domingo. Aí ela pode ir gastando quando quiser. Para isso basta te dar o vale e você terá que cumprir o que está escrito.

Opções clássicas - Sempre há a opção de dar os presentes mais tradicionais como bolsas, roupas, perfumes, cremes para o corpo ou livros. O importante nesses casos é ter certeza que combina com sua mãe. Deixe bem claro que se ela não gostar vocês podem trocar. Alguns filhos gostam de dar coisas para a casa, como liquidificador e aspirador de pó. Eu, particularmente, acho muito machista. Mesmo se ela estiver precisando, esse é o dia DELA, não da casa. Deixe para dar o eletrodoméstico em outra ocasião.

De qualquer forma, o mais importante, ainda mais para mães, não é o que você levará para ela. Mas sim com quanto amor levará isso. Feliz Dia das Mães!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Deveria chamar-te claridade

Durante essa noite gelada, enquanto te abraçava, lembrei do dia em que você me imitou tentando dormir: hum, achei uma posição ótima. Cinco segundos depois: droga, agora não está mais. E vira de lado. Hum, ainda não. Mexe mais uma vez. Nossa, essa é perfeita (cotovelo no seu nariz e perna pra fora da cama). Ai, droga, o topinho do meu dedão do pé ta coçando (e coça o dedo na sua perna, pra não ter que sair da posição ótima). Não devia ter mexido o pé, agora não ta mais bom. E tenta outra posição. Me abraça de concha? Hummm, agora está ótimo. E você sempre lá, paciente, impedido de dormir enquanto não pego no sono (ainda porque tenho fobia de dormir por último).
     Você sempre fica acordado para me fazer dormir. E você me faz massagem até eu não falar mais coisa com coisa, aí deita me abraçando de concha, na nossa concha... aquela que sempre foi um tormento para nós dois, que sempre foi boa só nos cinco primeiros minutos, mas para nós é a posição de ninar. Onde o maldito braço que sempre adormece fica encaixado certinho no vão do meu pescoço, onde sua mão pequena termina exatamente em cima do meu peito e eu posso abraçá-la como faço com meu bicho de pelúcia. Aí sempre teve o problema do cabelo. Não é fácil abraçar alguém com tanto cabelo como eu. Mas você faz ele de almofadinha e consegue se aninhar sem puxar nenhum fio. E a minha falta de tamanho, que sempre impediu um encaixe ideal, permite que meus pés terminem exatamente no buraco entre os seus tornozelos. Em cinco segundos eu estou quente e me sentindo segura, pronta para dormir. Porque quando eu durmo com você eu não tenho pesadelos nem frio nas costas. 
     E se por acaso algum pesadelo insistente aparece, você deixa eu deitar no seu peito, abrindo um braço para eu entrar, e depois fechando em volta de mim, me protegendo. E não liga se eu coloco a perna em cima da sua barriga. Diz até que gosta. E você sempre me dá o canto, ou o lugar mais longe da porta, porque sabe que eu prefiro. 
    Como nem tudo é perfeito, ainda assim eu acordo mil vezes durante a noite. E confesso que nunca achei que alguém dormindo fica tão bonito como acho quando olho para você. Seu cabelo loiro é tão bonito... e eu gosto de te agarrar bem forte, mesmo que meus bracinhos quase não alcancem e que seu cabelo faça cócegas no meu nariz. Com você é bom, com você é mágico...
    Sei que você já dormiu com outras mulheres, que todas as pessoas dormem, já dormiram ou dormirão junto com alguém e que para a maior parte da pessoas esse texto pode parecer muito besta. Mas para mim, para a garota das noites conturbadas, para a garota que trava lutas quase diárias contra seus horríveis pesadelos, dormir com você é quase como um milagre. De todos os presentes que você já me deu, a paz de espírito que sua presença me traz é de longe o mais bonito. Como dizia Vinicius de Moraes, "deveria chamar-te claridade, pelo modo sincero, franco e aberto com que encheste de cor meu mundo escuro".

sábado, 28 de abril de 2012

Entre risos e cor

"Eu tenho sorte". Em uma festa de aniversário em uma balada muito doida, não é fácil lembrar de muitas conversas. Mas essa frase hoje soa em minha mente como se ainda estivesse sendo pronunciada. Pois é, eu também acho, assim como ouvi ontem de uma das pessoas que enchem meu mundo de cor, que tenho sorte, porque amizades como essas que temos são raras. Pode parecer demagogia ou clichê, mas em um mundo tão frio, tão individualista e acelerado, as amizades estão se diluindo. Como diz a raposinha do Pequeno Príncipe, os homens compram tudo pronto em lojas, mas não existem lojas de amigos, então os homens não têm amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me.
       Meu pai sempre me disse que você pode ter muitos colegas, mas quase nenhum amigo. Acho que, mais uma vez, terei que discordar dele. O tanto de amigos que temos depende de quanto nos doamos. Depende de quanto compreendemos as diferenças e de quanto nos colocamos no lugar do outro. Amizade, talvez, não seja sorte, mas mérito. Não pode ter um amigo quem não chora junto, quem não sente a dor do outro, quem não discute e depois fica mal, querendo fazer as pazes cinco minutos depois, quem não tem a liberdade de poder dizer "eu te amo". 
        Quando penso neles, nos meus amigos que o tanto que têm de malucos têm de coração puro, fico em paz. E eu queria  escrever muito mais, queria escrever um texto para cada um deles. Queria contar sobre o quanto ela sempre me entende, queria contar sobre o quanto me identifico com ele e o acho engraçado, queria contar sobre o quanto o admiro e gosto dos nossos papos-cabeça, queria dizer sobre o quanto me fazem feliz. Mas parece que tudo que sinto aqui dentro está tão bem instalado em mim que não quer sair para o mundo. Talvez porque seja difícil explicar algo que simplesmente se sente, pura e inocentemente. Então vou encerrar minha tentativa frustrada por aqui, com a dúvida sobre "ter sorte ou ter feito por merecer", mas com a certeza de que, definitivamente, eles são como uma caixinha de lápis de cor com 48. Daqueles que quando eu era criança eu pensava: caramba, quanto lápis, quanto cor. Daqueles que são capazes de transformar uma folha vazia em um mundo bonito. E é nesse mundo que eu quero estar. 

quarta-feira, 25 de abril de 2012

O dia em que a cerveja acabou

Tinha acabado de sair do trabalho. A primeira reação foi soltar o nó da gravata, que apertava meu pescoço e me fazia suar em bicas. Eu poderia ir pra casa e lavar a louça na pia que desde manhã aguardava ansiosamente pela minha volta, mas cheguei à conclusão de que tomar uma cerveja gelada resolveria melhor meu problema. Escolhi o boteco do quarteirão de trás, aquele bem simples, com toldo vermelho e mesas e cadeiras de metal, daquelas que abrem e fecham, típicas de bar.
      – Camarada, desce uma gelada, por favor.
      – Ixi patrão, vou ficar te devendo, a cerveja acabou. Só tem guaraná.
     Sexta-feira, seis horas da tarde mais calorenta dos últimos tempos... a cerveja acabou e ele me oferece guaraná? Tem gente que não sabe mesmo ganhar dinheiro. Levantei um pouco frustrado e parei naquele outro bar, um pouco mais chique, um pouco menos boteco, mas que pelo menos tinha mesas (de madeira, mas ainda de abrir e fechar) ao ar livre. Já sentindo o geladinho na garganta eu pedi:
      – Opa, quais cervejas você tem?
     – Tem cerveja não, desde ontem tamo sem. Mas a água de coco ta uma maravilha.
     Era Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo e ninguém me avisou? Água de coco ta uma maravilha?Já não se fazem mais garçons como antigamente. Suando cada vez mais e com uma leve irritação, parei na padaria ao lado da praça. Sempre achei que beber no balcão da padaria é um tanto quanto triste, mas minhas opções mais próximas já estavam se esgotando – assim como minha paciência. Um pouco sem-graça, evitando parecer um quarentão deprimido que passa a tarde afogando as mágoas no balcão, eu falei para a atendente:
      – Quanto ta a cerveja?
      Ela, alguns decibéis a mais do que eu pretendia levar a conversa:
      – Não entendi...
      Eu, um pouco mais alto, mas ainda mais baixo que o semi-grito que ela deu:
      – Cerveja... quanto ta?
    – Aaaaah, o senhor quer uma cerveja? Acredita que acabou bem nesse calor? A gente faz suco, quer?
       Eu estava a apenas um balcão de distância, ela precisava mesmo falar tão alto?
    Já perdendo as esperanças de encontrar uma simples garrafa de cerveja e abrindo alguns botões da camisa para tentar suar um pouco menos e ter mais forças para continuar minha missão, avistei um vendedor ambulante carregando seu isopor.
      – Hey, você, espera aí.
     Com uma leve corrida, que por sinal só me deu mais sede e me lembrou do quanto estou fora de forma, alcancei o homem.
      – Nossa, brother, ainda bem que te achei. Acredita que to faz quase meia hora procurando uma simples cervejinha e em todos os lug...
    – E em todos os lugares acabou, né? To sabendo, vendi a minha última latinha faz dez minutos. As vendas foram um sucesso hoje. Também, com esse calor, né? Não ta com calor com essa roupa social não?
      Óbvio que eu estava com calor. Aliás, acho que era visível que eu estava com calor. Ou ele achou que a camisa molhada era parte do concurso “gato molhado”?
     Já sem a gravata, camisa aberta e considerando seriamente tirar os sapatos, minha última esperança era o mercadinho na frente de casa.
      – Nossa, seu Jorge, ta descalço? Foi assaltado? Menino, essas ruas estão um perigo e...
      – Não, não fui assaltado. Só queria uma cerveja. Vai dizer que não tem também?
      – Vou dizer mesmo. Acabou cedinho hoje...
   Já sem paciência, sem gravata, sem sapato, pingando suor e indignado, eu me dei por vencido e atravessei a rua, rumo a minha casa. Talvez fosse praga da louça.
   Quando estava fechando a porta, ouvi a dona Jurema, a do mercadinho, gritando: “Seu      Jorge, seu Jorge... peraí. O caminhão de cerveja ta vindo ali na esquina”. Reunindo toda a calma do mundo, vi a entregadora estacionando e desembarcando os engradados que semanalmente vendia no mercadinho. Voltei e aguardei pacientemente no caixa.
       – Quero apenas uma lata, dona Jurema.
       – Uma só? Mas parecia que o senhor queria tanto uma cerveja.
       – Uma já vai resolver meu problema.
    Peguei, paguei, fui até o meio da rua e POW! Joguei aquela porcaria de lata no chão, enquanto a pisoteava (lembrando, descalço) e a xingava com todos os palavrões que aprendi desde a terceira série do primário. Quando achei que já era suficiente recolhi o que sobrou da lata e entrei em casa, muito mais tranquilo, enquanto ouvia a dona Jurema comentar:
       – Que maluco! Deve ter enchido a cara... viu como ele tava todo com cara de acabado? Homem quando bebe demais fica assim mesmo. Se tivesse só bebido um guaraná... 


segunda-feira, 23 de abril de 2012

Descontos no Dia Mundial do Livro

Desde 1996 a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) oficializou o dia 23 de abril como Dia Mundial do Livro, com a intenção de incentivar a leitura. Esse ano, para celebrar a data, algumas lojas estão com desconto em livros. Confira:

Walmart (http://www.walmart.com.br): Na compra de 2 livros, ganhe 10% de desconto. Levando  3 livros o desconto é de 15% e se adquirir 4 livros ganha 20% de desconto. É possível também encontrar outras obras a preços bastante acessíveis, como A Invenção de Hugo Cabret, livro do filme que ganhou cinco prêmios no Oscar 2012, que passou de R$ 42,00 para R$ 29,50.

Livraria Saraiva (http://www.livrariasaraiva.com.br): Todos os livros do site estão com desconto e acima de R$ 59,00 não será cobrada taxa de frete.

Clube de Autores (http://www.clubedeautores.com.br): De hoje (23) até 29 de abril, os livros estarão com desconto de até 25%.

FNAC (http://www.fnac.com.br): Lançamentos e pré-venda estão com 20% de desconto.

Cosac Naify (http://editora.cosacnaify.com.br): Livros da loja virtual com 50% de desconto.

Cabe a você ser quem é

Se tem um área que me encantou nesses últimos tempo é a psicanálise. Acredito muito em inconsciente e acredito que certos eventos traumatizam e acabam, de certa forma, moldando nosso comportamento. Mas se tem uma coisa que mesmo assim não entra na minha cabeça é ouvir alguém dizer: "ah, eu era boazinha, mas sempre só me ferrei com homens, então agora sou piriguete mesmo". Não tenho nada contra a piriguetagem e acho, inclusive, que faz bem ter fases de curtição durante a vida. Quer pegar o amigo do ex-namorado? Arrasa lá. Quer beijar cinco por noite? Se joga. Quer transar no primeiro encontro e nem trocar telefones? Vai fundo. Mas não diga que não queria ser assim, que é apenas porque "o mundo te obriga". Acho que não precisamos buscar sempre uma explicação, dar satisfações... 
        Sou muito mais a favor de ser o que bem entender, sem ter a obrigação de achar que será do mesmo jeito para sempre. Acho muito justo ter uma fase piriguete, porque a solteirice está boa demais e a safra está rendendo, e depois achar que "ah, agora já não ta mais legal", e mudar de comportamento. Ou vice-versa. E homem também faz muito isso. Já ouvi muitos caras dizerem que mulher não gosta de homem bonzinho, então serão calhordas. Se mulher gostar de homem capado, então...
        Prefere pensar que amor não existe, que homem é tudo igual, que casamentos são fadados ao fracasso, que sexo casual é melhor e que é mais feliz quem pega mas não se apega? Tem todo o direito, mas assuma suas decisões como suas. As pessoas estão e sempre estarão ao nosso redor. Cabe a nós decidirmos como elas influenciarão (ou não) no que seremos. Mesmo na minissaia mais curta há espaço para levarmos a responsabilidade pelas nossas decisões... dá para deixar com você, não precisa guardar no bolso do ex-namorado.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Amante casual? Bom mesmo é ter um todo dia

Cá entre nós: quem nunca se imaginou vivendo uma "paixão perigosa", daquelas meio proibidas, meio avassaladoras, que descabela e te deixa levemente sem chão? Mas aí a gente pensa: "putz, mas eu tenho namorado... e não teria coragem de trair". E quem disse que precisa? Apesar de as novelas da Globo passarem a impressão de que ter um amante é tendência e que os Ricardões levam qualquer pessoa à loucura, eu ainda acho que bom mesmo não é ter um amante casual, mas sim um fixo. Bom mesmo é quando o namorado e o amante são uma pessoa só.
        Mais bacana que fugir na hora do almoço, morrendo de medo de ser descoberta, é simplesmente encurtar o almoço, pra poder aproveitar melhor a "sobremesa". E em vez de se preocupar em não ser vista na saída, sua única preocupação pode ser não bagunçar muito o cabelo, para chegar bem no trabalho. Mais legal que ter adrenalina com a fantasia de que pode ser descoberta, é poder confiar suas fantasias a alguém, sem medo de ser julgada. Melhor que ter um cara que te pega escondido, é ter o que ta dá as mãos, apaixonado, mas também te pega na parede. Melhor que dar um jeito de despistar o namorado, deixando o coitado com cara de bobo na balada para poder se pegar com outro no banheiro, é poder arrastar o namorado pro banheiro, se sentindo a maior infratora de leis. Mais bacana que o "sabor do novo", é não deixar o namoro cair na rotina e ainda se surpreender com o quanto um "simples" (imagina se fosse complexo) amasso pode te deixar sem ar. Melhor que perder o respeito, é perder o juízo, e entre sussurros apaixonados e confissões carnais, descobrir que seu namorado é, além de seu melhor amigo, seu mais sexy amante.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Dia do Índio

No meu sangue tem muito de terra, de pé no chão, de banho de rio, de pesca e de caça. Meu sangue tem muito de índio, mesmo que eu nunca tenha vivido em oca. Descendente de índio, negro e branco. Cabocla, mestiça, criola. Em meus olhos puxados como os dos meus ancestrais indígenas, levo a única marca visível da minha herança. Em minha alma levo o amor pelo simples, o respeito pela Natureza, o medo do desconhecido, a crença em espíritos, a amizade com os bichos, a admiração pelas crianças e a aceitação do corpo e da nudez. E nesse Dia do Índio, que infelizmente só é lembrado no Ensino Fundamental I, logo que entramos na escola, e visto como um dia bonitinho, eu sinto a dor da submissão e o desespero das tribos que foram humilhadas, exploradas, violentadas e por fim dizimadas. E no meu coração brasileiro bate a esperança de que o tão adorado progresso não termine de atropelar o que, por mais distante que pareça, é também o que eu sou.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Menina do mato

É que eu sou do mato, sabe, seu moço? Toda essa cara de moça da cidade é só uma armadura contra o frio que faz nesse lugar. É só para disfarçar, porque na verdade eu morro é de verrrrrgonha. Lugar cheio não é comigo, sabe, seu moço? E esse céu noturno meio rosado? Não dá nem pra apontar o dedo pras três marias e depois ficar morrendo de medo de aparecer verruga. O bom é que por aqui não deve ter lobisomi, né? Porque quase nem dá pra ver Lua cheia. Se vê é rapidinho, e logo uma nuvem de poluição esconde ela. Aqui tem muito prédio alto, mas eu gosto mesmo é de subir em árvore, sabe, seu moço? É, é disso que gosto: árvore alta e muro baixo. Ouvi dizer que aqui é a cidade que nunca dorme. Deve ser porque se dormir alguém leva sua carteira. E já que vamos ficar acordados a noite toda, é cheio de coisa pra fazer, mas ninguém tem tempo não, seu moço. Aqui todo mundo trabalha muito, pra ter dinheiro pra descansar. Mas quem descansa, seu moço? Depois de tanta correria, dormir ouvindo o barulho do tráfego na rodovia já ta bom. Descansar na rede, aqui, só se for na rede social. Aqui a gente não sai na rua pra papear com o vizinho não, porque a gente nem sabe o nome dele, mas não tem problema não, seu moço... a gente faz amigos no Facebook. Lá é quase igual a pracinha da igreja, sabe, seu moço?  Só falta a sorveteria. Toda noite todo mundo se enfeita o mais bonito que pode e vai. Também não tem nada pra fazer, que nem na pracinha, mas a gente vai mesmo assim. Aqui a gente come tudo junto quando dá, porque como já falei, aqui a gente trabalha muito, seu moço. Não dá tempo de sentar a família toda na mesa pra comer. Se ficar pra tomar café com a mãe você pode aproveitar e ficar pra almoçar com o cobrador dentro do ônibus, porque vai demorar pra sair de lá. É muito trânsito, seu moço. Aqui não tem barulho de cigarra que faz xixi quando você passa embaixo da árvore (deve ser porque não tem árvore) e em alguns lugares ainda dá pra ouvir passarinho gritando: beeeeem-teeee-viiiii... mas eu preciso é voltar logo pra vida mansa, seu moço, porque eu quero é que ele me veja bem longe daqui.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Tão sem título quanto eu

Às vezes acho que queria me perder de você e de mim, só para que depois pudéssemos me encontrar e, então, eu fosse capaz de saber quem sou, só para poder ficar... ou fugir.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

És parte ainda do que me faz forte

Hoje eu lembrei bastante de você. É, eu nunca lembro de você. Eu até queria, mas não consigo. De tanto pensar em você eu te esqueci... e de tanto te esquecer eu queria lembrar. E hoje você passou muitos momentos por mim, talvez como aquela borboleta chilena passou por ela. No meu cérebro eu esqueço passados, apago cenas e me recordo de borrões. Eu quem quis isso, não foi? Mas hoje eu me lembrei do seu cafuné na orelha, o que me fez pensar que sempre achei seus dedos engraçados, principalmente os dos pés. E lembrei que nós ríamos, colocando nossos pés lado a lado e dizendo: "oi, mamãe tartaruga". Eu passei em frente a uma pastelaria e lembrei que sempre comíamos pastel com caldo de cana. Por falar em comida, lembrei que você sempre me dava um pedaço da massa crua de lasanha, e então eu fazia uma sopinha para minhas bonecas. Quando eu cresci a gente ficava conversando pela porta da cozinha: eu sentada no muro, vendo a Lua cheia nascer (ela sempre aparecia muito bonita em Santa Isabel, né?) e você cozinhando. Espero ter dito alguma vez que amava sua comida. Pode até ser muita gordice, mas hoje pensei outra vez em comida, quando lembrei do nosso caderno de receitas. Completamos ele com louvor, hein? E eu lembro com nostalgia das inúmeras discussões para saber quem ficaria com ele quando eu saísse de casa. Eu daria o mundo para poder te dar ele agora. 
            Esses dias lembrei daquela tarde chuvosa, quando você pensou que seu tênis explodiu, e ficou com tanta vergonha que não tinha coragem de ver. Até hoje eu rio disso. Eu lembro que você me ligava todas as noites e que sempre se confundia para falar "problema", mas você nunca assumia isso. Eu lembro que eu queria ser inteligente como você. Eu lembro que você tinha uma verruga que cutucava todo dia, até aquilo virar um problema (que coisa estranha de lembrar, não? Onde era mesmo? Na testa ou na bochecha?). Eu lembro de quando pegamos a Lara na rua e do quanto eu gostava de deitar em cima do seu peito, para ouvir seu coração bater. Eu lembro de uma noite de tempestade, quando eu dormi com você, e você me apertou bem forte, até meu medo passar. Eu lembro de quando você me mandava amarrar o pano de prato no pescoço, para comer macarrão. Até hoje acho impossível não derrubar molho na roupa, sabia? Queria te contar tanta coisa... mas prefiro pensar que você sabe. Mas se eu puder te contar apenas uma, queria dizer que nossa parceria era incrível e que te carrego em meu coração, mais presente do que aquele que poderia ser presente. "És parte ainda do que me faz forte (pra ser honesto só um pouquinho infeliz)", como diz uma música do Renato Russo, naquele cd que foi o primeiro cd que você me deu.

Barra de chocolate ou ovo de Páscoa?

Esse ano surgiu uma nova campanha "anticapitalista": se uma barra de chocolate de 200g custa sei lá, R$ 5,00, por que pagar R$ 30,00 em um ovo de Páscoa com o mesmo peso? Claro que a moda pegou (pelo menos virtualmente), ainda porque, como diz meu chefe, em tempos de internet as pessoas se comportam como ovelhas (perdoem o trocadilho com o nome do blog): quando uma bali alarmada, todas as outras começam a balir assustadas, mesmo sem saber porquê (isso me lembra as ovelhas da Revolução dos Bichos, do Orwell, aliás). Apesar de esse ser um argumento claro e sem muita contestação, eu não aderi. Primeiro porque não sou anticapitalista e segundo porque não acho que o que importa é quantas gramas vem de chocolate e quanto eu paguei por cada grama. Definitivamente, apesar de não ser anticapitalista, não tenho essa relação de apego com meu dinheiro. Sou muito mais apegada aos sorrisos infantis que são dados quando um ovo de Páscoa surpresa é dado. Não acredito que veria esses sorrisos com uma barra de chocolate.
       Mas, falando primeiro do capitalismo e do dinheiro, não entendo por que as pessoas se incomodam em pagar em um ovo o mesmo valor de uma barra, mas não ligam de pagar cem reais por um All Star, sendo que um genérico poderia ser adquirido por trinta. Não dá nem para falar que é pela qualidade, porque All Star (que eu adoro, por sinal) molha na primeira pocinha d'água e abre um buraco gigante na sola em poucos meses de uso. A mesma coisa vale para outros tipos de sapatos, roupas, bolsas e celulares. Por que vou comprar um carro de cem mil reais se posso dirigir um por vinte mil? Acho que nem sempre o peso de compra pode ser "quanto foi gasto na produção". Falar mal do capitalismo é uma constante, mas deixar de ser capitalista não. Em caso de revolta extrema, há passagens aéreas para a China ou Cuba, mas acho que ninguém está muito interessado nessa proposta.
      Voltando aos chocolates, eu não teria ficado tão encantada se meu chefe tivesse me aparecido com uma barra de chocolate em vez de um ovo de Páscoa surpresa. Toda minha insegurança sobre comprar uma barra de chocolate ou um ovo de Páscoa foram pelo ralo quando os olhinhos da minha vó brilharam ao receber um ovo todo enfeitado e ela me agarrou pelo pescoço e me deu uma bitoca estalada na bochecha, dizendo: "aaah, não precisaaaava. Que bonito, nem tenho coragem de abrir". Assim como foram por terra quando minha irmã, que está com o pé enfaixado, veio pulando em um pé só, toda emocionada com o presente, achando uma fofura. Uma barra surpresa em cima do travesseiro não deixaria meu namorado com aquela cara de bobo apaixonado.
       Eu concordo que é um absurdo super faturarem tanto a Páscoa e os chocolates, mas existem certas coisas que dinheiro não compra. E se comprasse, eu deixaria de comprar All Star, roupas e celulares e daria tudo que eu tenho pela certeza da eternidade dos sorrisos que recebi nessa pré-Páscoa...

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Espere-me às cinco

Acabei de ver "Sempre ao seu lado", um filme mega triste (quem ainda for ver não leia). É assim: o cara acha um filhote de cachorro, um akita, na estação do trem e acaba ficando com ele. Eles viram puta amigos e todos os dias o cachorro acompanha o cara até a estação de trem, quando ele vai trabalhar, e o espera, às cinco da tarde, na estação, quando ele chega. Um dia o cara morre... e o cachorro continua esperando por ele... por NOVE anos,TODAS AS TARDES, no MESMO lugar. PS: essa história aconteceu de verdade! Ta, nem preciso dizer que meus olhos estão até inchados de tanto chorar, né? E também nem preciso dizer que isso me faz pensar na vida, né? Fiquei lembrando de todos os cães que já tive: do Pit, da Abinha... e lembrei que foi com ela, a Abinha, minha primeira melhor amiga, minha vira-lata laranja e velhinha, que aprendi o que é lealdade. E desde que nos conhecemos nunca nos abandonamos. Em todas as doenças, alegrias, choros, mudanças... estávamos juntas, abraçadas, no colo, rolando, ou apenas olhando uma para a outra. E eu podia ver que aqueles olhinhos diziam: conte comigo. Estarei sempre aqui! Ela já morreu, e quase que morri junto, de tanto chorar, mas nem tanto por ter perdido minha amiga, mas porque eu não estive ao lado dela quando ela precisou (ela morreu no parto e eu estava viajando). Até hoje isso me corrói, mas aprendi muito. Aprendi o significado de uma amizade, de ser leal. Não, eu não te peço fidelidade, nem presença constante, nem faixas na porta de casa dizendo que me ama: eu peço olhares de compreensão, uma mão na necessidade, aquele abraço quando o mundo desaba. Já repararam que mesmo quando você bate no seu cão (não façam isso), xinga o pobrezinho e o coloca para dormir no frio, ele fica triste, amuadinho, mas quando você volta arrependido, querendo fazer as pazes, recebe uma lambida e um rabinho abanando? Lealdade. Às vezes as pessoas me acham boba por isso, mas me orgulho de ser leal. Se um dia eu te disser que nunca vou te abandonar, que você pode sempre contar comigo, acredite! Não importa o que aconteça, eu serei leal. E é só isso que eu espero das pessoas, que elas sejam como os cães. Alguns são arteiros, outros quietos, uns mordem, outros lambem, cada um tem uma personalidade, um jeito, defeitos e qualidades, mas não importa, eles são os maiores donos da maior virtude do mundo. Enfim, não me dê presentes, nem grite que me ama, mas espere-me às cinco!

Mais um texto retirado do finado Pensamentos de Ovelha, que pouco a pouco dá as caras por aqui.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Sorrir ainda compensa

Estava chegando no ponto de ônibus quando vi o ônibus que eu preciso parado, já quase fechando a porta. Como ele demora muito para passar, resolvi dar uma corridinha enquanto acenava e pulava como uma maluca para o motorista não sair. Após fechar e abrir a porta em um momento de indecisão, ele resolveu esperar. Quando cheguei, o motorista e eu elaborávamos uma expressão, simultaneamente. Ele estava fechando a cara em sinal de reprovação e impaciência. Eu estava abrindo um sorriso (não porque sou muito malandrinha, mas porque, além de não ser muito difícil me fazer sorrir, o motorista realmente foi gentil), seguido de um "Obrigada". E, para minha surpresa, o rosto bravo do motorista se transformou em uma mescla de surpresa e amizade e ele me retribuiu com um meio sorriso infantil, como aqueles que costumávamos dar quando uma criança desconhecida ficava nos cercando e querendo fazer amizade. Então eu passei na catraca com a certeza de que mesmo em meio ao caos e à frieza de São Paulo, o sorriso ainda não perdeu seu incrível poder de abrir caminhos e derreter corações.

sábado, 31 de março de 2012

Usando computador na Hora do Planeta

Aquecedor, máquina de lavar louça, secadora, chuveiro quente, micro-ondas, geladeira, computador  e fogão elétrico. Desmatamento sem fim para que a agricultura e a pecuária consigam sustentar os milhões de filhos que os humanos decidem ter o tempo todo, apenas para ter um bebê que "não é a cara da mamãe?", canalizam rios para caber mais carro nas marginais, águas contaminadas pelo esgoto humano e pelos resíduos de indústria que existem para satisfazer o desejo de consumo. Chuva ácida, rodeios para divertirem depois de uma semana estressante, derretimento das calotas polares, espécies extintas, desequilíbrio ecológico. Caos, miséria, desigualdade e destruição. E vamos fazer Hora do Planeta? Vamos ficar off no Facebook para ninguém saber que fomos antiecológicos. Vamos dormir por uma hora, acordar e voltar para nosso mundo moderno. Eu não vou apagar a luz porque, além de não conseguir escrever no escuro, não é assim que vou provar que adoraria salvar o planeta. No máximo conseguiria provar para as pessoas que o meu personagem virtual é muito engajado. Mas não faz diferença o que os personagens virtuais pensam do mundo real.

A adulta da Nova

Quando eu era mais nova eu achava que com 23 anos eu estaria formada, seria bem-sucedida, moraria sozinha, teria um carro, um emprego foda, um namorado tão bem-sucedido quanto eu, reuniões adultas com amigos e uma cara de mulher da revista Nova. Eu me formei, ralo todo mês para continuar estudando e mantendo minhas contas, moro com minha vó enquanto faço planos de morar com minha irmã e batalharmos juntas pelo nosso cantinho com cerveja na varanda e jantares fraternos, não tenho nem carta de motorista, trabalho no emprego dos meus sonhos, descobri que a biologia é incrível, mas que o amor da minha vida é o jornalismo e as escritas em geral, sou barrada no caixa do supermercado porque minha cara de quinze anos me obriga a apresentar RG para comprar bebidas alcoólicas, tenho os amigos mais bobos e sinceros que eu poderia ter e descobri que o amor da minha vida tem apenas 21 anos e ainda faz faculdade e estágio. E nada poderia me fazer mais feliz do que as conversas no café-da-manhã com minha irmã e as nossas bobeiras pela casa. Nenhum happy hour formal me deixaria mais satisfeita do que os botecos e as viagens malucas com meus amigos sem frescura que sentam na calçada e riem de tudo. Amor engravatado e adulto algum me faria mais feliz do que dividir um almoço num barzinho de bairro e assistir meu menino tocando violão enquanto escrevo, sentados no sofá. Acho que realmente não consegui ser a adulta que sonhei ser.. eu consegui ser muito melhor.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Entre sacrifício e eutanásia

Meu cão vai tirar férias. É, pois é, ele vai passar um mês e meio em Florianópolis, curtindo a tranquilidade de uma casa com quintal e a alegria de não ter que ficar separado da Vovó, o amor da vida dele. Como é uma viagem de ônibus, fui pesquisar a documentação necessária e aproveitei para fuçar o site da clínica veterinária do Floquinho, que tem bastante coisa legal. Uma delas é a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, que me fez refletir um pouco:
              Alguns artigos se referem ao sacrifício de animais. Independente do motivo da morte, ela deve ser feita de maneira que não cause dor, ansiedade ou angústia. O primeiro pensamento foi: qual forma de morrer eu acharia tranquila e não angustiante? É, acho que nenhuma. Depois pensei no quanto alguns animais como os cães e os gatos são sensitivos. Será mesmo que eles não sofrem em procedimentos considerados "legais"? Será que dar uma anestesia e depois sacrificar é "a forma indolor"? O quanto será que dói no coração de um animal sentir que seu dono, seu grande amigo e amor está levando-o para a morte? Será que eles se sentem traídos? Realmente não sei. A única certeza que tenho é que é muita prepotência acharmos que somos capazes de dizer o que se passa naquela cabecinha.
             Mas a minha maior reflexão foi comparando sacrifício e eutanásia. Por que podemos decidir em que momento um animal deve morrer, mas não somos autorizados a escolher nossa hora? Não acho que seja certo optar por alguém, mas considero justo desligar os aparelhos de uma pessoa que não aguenta mais sofrer e pede diariamente para poder descansar em paz. Quem melhor do que eu para saber o significado da minha vida e da minha morte? Se a pessoa não estivesse internada e quisesse morrer, ela teria muitas opções. Mas se ela está presa a uma cama, ela precisa de ajuda.
            Realmente deve ser muito difícil para uma mãe desligar os aparelhos de um filho, por exemplo, mas penso que não podemos ser egoístas. Não podemos passar nosso conforto e medos por cima do sofrimento alheio. Voltando aos animais, eles sentem quando precisam morrer...e assim fazem. Os elefantes, tão sábios e serenos, se afastam da manada e vão para o cemitérios dos elefantes, prontos para encerrar o ciclo. Quando o periquito macho que eu tinha na infância morreu, a fêmea parou de se alimentar até morrer. Já os cães acham um canto bem escondido da casa para morrer com conforto. Nunca vi um animal espernear para não morrer. Apenas para não ser morto. Pode ser muita ingenuidade da minha parte, mas realmente não vejo motivos para darmos chilique antes de morrer, para matarmos animais e para impedirmos a "autoeutanásia". Assim como não vejo diferença entre humanos e animais. Exceto pelo fato de que eles são bons.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Matar Deus é tendência

Nunca conheci alguém que gostasse de ser acordado por um grupo de religiosos tocando sua campainha e tentando converter o mundo. Quando isso acontece as pessoas sempre têm uma história mirabolante de fuga: panela no fogo, bebê pequeno na banheira, cachorro engasgado... Eu inventaria que estava alimentando minha planta carnívora, porque realmente é muita falta de bom senso bater na porta de uma pessoa para tentar convencê-la a ser como você. Assim como, em minha humilde opinião, é muita prepotência e falta de educação postar o tempo todo no Facebook que Deus não existe, que religiosos como padres e bispos são todos falsos e mercenários ou que comer carne é ser um monstro sem coração.
           Se seu amigo todo dia publicar uma fotinho de Deus, anjos e religiosidade, provavelmente acharemos ele um bobão. Mas falar que Ele (desculpem, anos de culpa cristã me obrigam a apertar o caps) não existe é parecer muito descolado. Imaginem então se alguém escreve que plantas são amigas, não comida. Ou pior: que animais existem apenas para nos satisfazer. Acho que essa pessoa seria banida para sempre do fantástico e democrático (oi?) mundo virtual. Mas postar diariamente vídeos de vantagens de ser vegetariano é ser muito do bem, então pode.
            Que fique bem claro que sou vegetariana e que minha postura religiosa não vem ao caso. Mas SOU, ou seja EU. VOCÊ pode SER o que bem entender. Aliás, acho muito melhor que seja assim. Não é tarefa fácil ser eu... imagina se todos fossem assim? O que sou contra é essa mania de sistematização. Quando os portugueses chegaram ao Brasil eles também achavam que não ser católico era um absurdo e que deveriam forçar convencer todos os índios e depois os negros a seguirem o caminho da luz. Todas as noites minha vó me manda dormir com Deus e eu tenho certeza que essa é a maior paz que existe para nós. Para ela, porque acredita que assim estarei segura; para mim, porque sinto amor transbordar em cada uma daquelas palavras de proteção. E o amor me dá forças.
             Enfim, cada um é feliz com o que tem e com o que pode. E enquanto como um sanduíche de rúcula, minha irmã um de hambúrguer e minha vó põe café para o santo que fica na janela, todos respeitam a beleza de ser quem se é. Simples assim.

terça-feira, 27 de março de 2012

Liberte-se

Até onde estamos de fato livres? Quanto nos prendemos para termos a sensação de liberdade? Por que esperamos três dias para ligar? Oras, para parecer que não ficou desesperada e pensando no cara! Por que receber uma mensagem e demorar três horas para responder? Para parecer que estava muito ocupada! Por que pensar, pensar e pensar? Por que não podemos simplesmente sentir? Oras, porque assim é o mundo. Por que você não pode simplesmente ser você mesmo, viver coisas incríveis e ter conversas sensacionais, sem se prender a rótulos ou convenções? Isso necessariamente tem que significar que essas pessoas vão começar a namorar, a se prender, a se sufocar? Nããão, isso significa apenas que elas são pessoas livres, que percebem que a vida acontece agora, nesses três dias que você espera para ligar. "Hoje eu estou sentindo uma coisa muito forte por você, e eu preciso que você saiba disso, porque amanhã posso não sentir mais, ou não estarmos mais aqui." Essa frase foi dita faz um tempo por um peguete de um amiga, e arrasou muito, porque é muito real.
          Enfim, o que estou tentando dizer é: seja livre. Não a pessoa livre que o mundo espera ver, daquelas que não ligam para ninguém, mas sim destemido... deixe-se sentir. Desde criança eu tenho uma atração imensa por alturas. Pular do trampolim mais alto e da ponte alta na represa. Nada se compara à sensaçao que antecede. O medo, junto com a necessidade de se jogar. E sempre dá aquele frio bom na barriga, durante a queda, e a sensação de estar completamente livre. Livre dos meus medos e dúvidas. Vamos pular, vamos nos entregar... apenas caindo, caindo, caindo...

Texto originalmente postado no antigo Pensamento de Ovelha (que Deus o tenha).

segunda-feira, 26 de março de 2012

Sem roupa pode?


Eu adoro corpos. Fico encantada com trabalhos de nu artístico e adoro observar as incríveis diferenças entre as pessoas, principalmente daquelas que são quadros ambulantes, com diferentes tatuagens. Mas mesmo no nosso mundo pseudo moderninho, boa parte das pessoas ainda fica toda constrangidinha quando vê alguém sem roupa. Ou fica horrorizada, o que é pior ainda, achando aquilo uma pouca-vergonha. 
        Semanas atrás, a informação mais lida em um grande site de notícias dizia que uma espanhola que estava no Big Brother Brasil tomava banho sem roupa, sem se importar com as câmeras. Achamos normal passar as noites acompanhando a vida de um grupo de desconhecidos, mas nos chocamos quando alguém toma banho pelado? Como uma pessoa que passa no mínimo um mês tomando banho de biquíni pode ter as partes íntimas de fato limpas? E olha que ainda rola pegação debaixo do edredom. Essa falta de higiene me parece muito mais chocante do que um corpinho exposto.Se eu quiser fazer top less para me bronzear por igual terei que procurar uma praia de nudismo (e, provavelmente, ainda ser tachada de tarada se postar isso em alguma rede social). Mas desde que me entendo por gente em todo carnaval vejo os seios da Globeleza enquanto ela fica se saracuteando no intervalo dos meus desenhos animados. Aliás, ela passar glitter nos pelinhos pubianos não a torna “vestida”, certo?Outra situação: você está na praia com uma criança de dois anos. De repente passa um peladão correndo. Provavelmente você vai ficar horrorizado e sem saber para onde olhar. Já a criança continuará ali, brincando com a areia. Isso porque a nudez é natural e pura, assim como a criança e a areia. Bebês andam pelados e meninas não ligam de ficar sem blusa... até que alguém as convençam de que mulheres precisam cobrir os seios (mesmo aqueles que você ainda nem tem).             
        E assim vai indo o país da bunda de fora. Sempre com seu medo de pecar, sempre oscilando entre a pseudo libertinagem brasileira e a hipocrisia corporal. Sempre com seu conservadorismo que aparenta ser liberal. E enquanto isso nos privamos da delícia que é entrar na água (rio, piscina, mar) sem roupa, tomamos banhos em vestiários públicos vestidos, viramos o rosto quando vemos alguém se trocando e continuamos transando de luz apagada. Porque aqui pode tudo, mas ficar pelado é coisa de índio – e nós somos muito modernos.



sexta-feira, 16 de março de 2012

Sonhos dourados...

Eu acordo cedo, sem sono, disposta a encarar mais um dia de academia. Aí eu chego na sala e vejo ele ali, dormindo profundamente. E o meu edredom preferido enrolava todo o corpo (também meu preferido) dele. Apenas fios dourados e irritantemente lisos coloriam o travesseiro branco. Eu vou chamá-lo, vamos tomar café da manhã e mais um dia seguirá, porque ir à academia é um compromisso que assumi. Mas algo como um imã me puxa para o colchão, e antes que eu pudesse resistir ele acorda, me cobre e sem nem mesmo abrir os olhos, me aninha. Tanto calor, tanto carinho, tanto conforto. E aí eu lembro que na noite anterior ele chegou completamente molhado, porque nem mesmo a chuva absurda que caia o fez desistir de atravessar a cidade para me ver. Suas roupas penduradas no banheiro me fazem pensar que aquele corpo quente teria que entrar nelas... e não estava calor. Ao tentar sair daquele colchão que já tem a nossa forma, além de frio, eu sinto que compromisso algum me faria abrir mão do “quentinho bom” e do abraço que afasta todos os pesadelos que me perseguem. Eu me aconchego um pouco mais, dou um leve suspiro e o sono vem, como se nada fosse mais certo que isso. E antes que meus olhos fechassem, mais uma vez eu me encanto por ele e pela paz que ele me traz...

segunda-feira, 12 de março de 2012

Homem bacana não quer "lá em casa"

Uma pergunta que constantemente martela em minha cabeça é: “O que leva um homem a mexer com uma mulher desconhecida na rua?” Apesar de pensar nisso com frequência, ainda não encontrei uma resposta. Após alguns anos passando por esse infortúnio e conversando com outras mulheres (todas são vítimas disso, não importando idade, estilo ou religião), eu cheguei a duas conclusões: 1- não há mulher que goste de passar na rua e ouvir um “gostosa!” 2- homem bonito e/ou gente boa não mexe com mulher na rua (o que, talvez, explique bastante sobre a conclusão número um). Ok, há doido pra tudo e já ouvi mulheres dizendo que se em um dia ninguém mexe, elas acham que estão feias. Isso porque TODO DIA alguém fala alguma coisa! E essas atitudes, para mim, são mais um reflexo do quanto mulher brasileira é vista como produto. E é por isso que tanto homem se acha no direito de falar o que lhe dá telha.
      As brasileiras são consideradas as mais bonitas e as mais sensuais. Obrigada, a nação agradece. Mas então, por causa de um rótulo que criaram, precisamos aguentar esse assédio? Temos que sair com roupas “decentes”, não importando o calor que esteja, por que se andarmos com roupas curtas é porque queremos provocar? Somos obrigadas a permanecer em estado de alerta o tempo todo, para evitar que algum marmanjo esbarre propositalmente em nós, na rua? Devemos fingir constantemente que não estamos ouvindo o monte de idiotice que é dita? Será que homens desse tipo têm mãe, namorada ou irmã? Desconfio que não.
      Claro que toda mulher tem sua vaidade, gosta de receber elogios e de ser desejada. Mas pelo namorado, pelo marido, pelo cara que ela ta afim... não pelo bobão que ela nem conhece, mas encontrou na rua. Será mesmo que eles pensam que existe alguma possibilidade de dizerem “gostosa” e ouvirem “ai, você achou? Sem roupa é mais ainda”? Ou será mesmo que eles acham que vamos pensar: “Nossa, ele me acha gostosa e teve coragem de me dizer. Que rapaz de iniciativa”? Eu realmente duvido muito de todas essas hipóteses. Ainda porque, o cara que soltou um “ô lá em casa” para você de manhã, provavelmente já fez a mesma coisa, ao longo do dia, com pelo menos mais cinco. Além disso, uma mulher minimamente interessante é muito mais do que o cabelo sedoso ou a bunda durinha. E soltando essas pérolas mundão a fora, um cara só vai conseguir demonstrar que não é capaz de perceber nada disso. E, consequentemente, que não é digno de merecer tudo isso.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Mate a relação, salve o carinho...




Todo mundo já passou ou conheceu alguém que passou por uma relação eterna. E não estou falando de amar até ficar velhinho, mas sim de ter um casamento, namoro, peguete que não dá certo, mas que não termina nunca, ficando mais infinito que partida de Banco Imobiliário. A gente (tanto homem quanto mulher) insiste em achar que é só uma fase, que “vamos conseguir salvar a relação” e que “tudo vai ficar bem”. Desculpa, mas não vai. Se depois de muito pensar, você chegou à conclusão de que está insustentável, é porque está. Tentar contornar a situação só vai fazer tudo afundar de vez. É claro que quando envolve sentimento é muito mais difícil, mas acredite: vai doer menos se você desistir. Além disso, vai ser mais saudável para ambas as partes.
           Para mim, terminar com alguém que gosto mas que, por um motivo ou por outro não dá certo, é sempre triste por três motivos. 1- Sentirei saudades. 2- Me dói pensar que em breve a pessoa terá outro “amor”. 3- Era algo que eu queria que tivesse durado e acabou, me sinto frustrada. Então vamos lá: 1- Saudades você vai sentir de qualquer forma. Sendo assim, é melhor terminar logo, numa boa, do que empurrar até que vocês se odeiem e não possam nem ser amigos. “Matar” um relacionamento é triste. Matar sentimentos de carinho é pior ainda. 2- Sim, ele (a) terá outro alguém. Mas você também terá, então não será o fim do mundo. 3- Sim, é frustrante, mas não pense que não deu certo. Deu certo sim, pelo tempo que era para dar. Assim como o seu ensino médio deu certo, mas acabou.
           A longo prazo, depois que a poeira já baixou e você está em outra, é muito triste lembrar de alguém do passado e perceber que existe muita mágoa, muitas cicatrizes e muitos traumas. Eu confesso que nunca fui forte o suficiente para por um ponto final logo de cara (e por isso tenho tanta certeza de que não dá certo), mas me ensinaram que às vezes é preciso ser forte e racional. Depois de chorar, sofrer e espernear, eu entendi que “ser frio o suficiente” para não insistir em um “relacionamento errado” é aquecer um carinho bonito de sentir, que muitas vezes nem é presente, nem se fala com frequência, mas vale um sorriso em meio a um samba, um abraço amigo e a sensação de que dois corações estão em paz.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Cadê o Dia do Homem?




Dia Internacional da Mulher. Acho muito bacana ter um dia especial, assim como amo meu aniversário, planejo viagem romântica para o Dia dos Namorados e criei com minha mana o Dia das Irmãs. Mas todo ano me pergunto: cadê o Dia do Homem? Li que é 15/11. Também li que é 15/07. Um amigo  questionou essa “desigualdade” no Facebook e recebeu respostas como “Homem ainda não fez por merecer um dia”. Então somos melhores?
       Para mim, as pessoas são iguais. Pessoas são feitas de alma, não de corpos. Não queimamos sutiã por igualdade? E o que é ser uma mulher moderna? Cuidar dos filhos e manter a casa um brinco como nossas avós faziam, trabalhar como os avôs faziam, fazer academia e ser gostosa como uma Panicat, ser divertida porque ter TPM é coisa de mulherzinha e seduzir quantos caras quiser por noite porque isso é coisa de mulher bem resolvida – mas não transe no primeiro encontro, porque isso é coisa de vagabunda. E, segundo li esses dias em um post com imagem, no Facebook, se for transar “de quatro”, empine a bunda, porque deixar reto não é a forma certa de executar essa posição.
       E ser homem? Não chore, seja gentil, pague a conta (ou não, porque ela pode te achar machista), mande flores, goste de futebol (mas não troque um dia passeando com sua amada por uma tarde de pelada com os brothers, ou pode ser tachado de ogro), tire a sombrancelha para ser metrossexual, porque é moda, mas não assuma que tira, para seus amigos não te chamarem de “viadinho”, beba cerveja e não bebidas “doces de menina” (mas não crie barriga).
       Nãaao! Parem as máquinas! Está tudo errado! Posso ser mulher e querer que a casa limpa se exploda, posso achar que ser dona-de-casa e só o marido trabalhar é o melhor para nós e posso admirar minha amiga que sabe arrotar mais alto que todos nossos amigos. Homem pode chorar porque está se sentindo sozinho, pode preferir o futebol, pode deitar no peito da namorada depois do sexo e pode até ter medo de matar barata.
       Por que homem não tem dia? Por que Dia da Consciência Negra é feriado e Dia do Índio só é comemorado no Ensino Fundamental I (antigo primário)? Por que camiseta “100% negro” é orgulho negro e “100% branco” provavelmente seria linchada?
       A atriz Angelina Jolie uma vez disse, quando questionada sobre sua bissexualidade: “Eu não me apaixono por um homem ou por uma mulher. Eu me apaixono por pessoas”.  E é isso. Então deixo meus sinceros parabéns a todas as mulheres mais macho que muito homem, a todos os homens mais fofos que muita mulher. E mais do que parabéns, desejo de coração que o feminismo também acabe.

Gostar de sexo com mulher não é gostar de mulher

Estava eu no auge da tpm, quase chorando porque senti dó de comer uma batata smile (ela ali, sorrindo para mim), morrendo de cólica e com vontade de matar meu amigo que não parava de fazer piadinhas. Aí falei que cansei de ser mulher. E ele solta: "mas a tpm faz parte do charme feminino..." Tudo que mais desejei era estar do lado dele, dar um chutão no meio das pernas e dizer: "essa dor faz parte do charme masculino. ¬¬" Mas antes que eu soltasse minha fúria típica da tpm ele explicou: "Vocês podem ficar chatas e reclamonas na tpm, pq a gente nunca vai entender o que vcs passam...e vcs vão ter cólicas, e vão ficar choronas, fazendo a gente achar que são frágeis e precisam de cuidado." Aí mais tarde li o blog da mãe de uma amiga que fala que "gostar de sexo com mulher é uma coisa, gostar de mulher é outra". Faz todo sentido. Homem que realmente gosta de mulher não gosta só do sexo feminino em si (porque umas curvas para pegar até boneca inflável tem,)mas curte a tpm (ou pelo menos entende), tem paciência para esperar ela se arrumar, para depois ela vir toda cheirosinha. Entende que ela pode sim ser independente, livre, mas mesmo assim vai amar flor, ganhar presente fofo e vai se encher de doce em algum momento...É muito bom ser mulher, porque é absurdamente lindo ter cintura e seio, mas gosto principalmente pelo "kit completo", com todas as frescurices que tenho direito: gostar de colo, de abraço masculino bem apertado que parece até que vai quebrar a costela, de me encher de creme, de chorar na tpm, de ter medo de coisa boba, de ter sexto sentido. Eu definitivamente amo muito ser mulher e admiro muito os homens que além de amar seios e cinturas, amam as mulheres.(texto originalmente feito em 2010 e publicado no antigo Pensamentos de Ovelha).

terça-feira, 6 de março de 2012

Bonito mesmo é quem sorri com os olhos



Sete tatuagens, cicatrizes a perder de conta, uma mancha branca na bunda, um pé maior que o outro, alargadores que nunca formam par. É disso que eu gosto: do diferente, do que não combina. Falando nisso, dizem que batom rosa não combina com pele morena. Pois o meu rosa opaco é meu preferido e, segundo meu namorado, me deixa com boca de beijar. Hoje uma moça da academia estava me contando que teve bulimia na adolescência, porque sua amiga de infância a chamou de gorda, no meio da quadra da escola. Minha mãe passou a vida tomando remédio para emagrecer. Nunca foi magérrima. Minha melhor amiga, das pernas grossas, corria pela sala quando criança, para tentar ficar com as pernas finas que nem as das coleguinhas.
      O bonito não é só o visual. E não to falando só daquele papo clichê de beleza interior. To falando da beleza do toque. Cintura bonita de pegar é a que tem “lombinho”. Cabelo lindo de tocar é o que pode ser descabelado. A beleza do paladar. Corpo bonito é aquele que sabe aproveitar sem culpa uma cerveja numa tarde calorenta. Tem sorriso bonito quem sorri com os olhos. Bonito é o negro, com cor que parece chocolate e dá vontade de morder. O branco, que dá vontade de arranhar bem fraquinho, pra ver ficar levemente vermelho. Bonitos são os olhos hipnotizantes dos orientais e dos índios, as sardas dos ruivos. Gordura feia é a que faz mal pra saúde. Magreza feia é a que vira anorexia. Cabelo liso feio é o que queima a testa para ser feito. Cabelo crespo feio é o que vive preso e escondido.
     Como diz uma música do Criolo, “eu tenho orgulho da minha cor, do meu cabelo e do meu nariz. Sou assim e sou feliz.” E espero que você também!

segunda-feira, 5 de março de 2012

Eu aprendi com meu cão...


Hoje eu sonhei com um dos meus cachorros preferidos. Sim, eu tive muitos, mas alguns marcaram muito. Pit, também conhecido como Pit-tusco (nunca pensei em como escrever isso) ou simplesmente Tusco. Ele nasceu no terreno de um vizinho, filho de uma cachorrinha um tanto mal cuidada. Todos passavam fome, até que um belo dia o Tusco decidiu se mudar para meu quintal. Ele tinha menos de dois meses, mas já sabia o que queria da vida: queria viver! E assim foi: minha família e eu nos apegamos àquela coisinha creme do nariz preto, que ficava mais forte a cada dia, enquanto todos seus irmãos morriam. Sobrou apenas ele. O Pit era quieto, nunca latia, não gostava de ser pego no colo (mas eu, no alto dos meus oito anos, fazia isso todos os dias e ele apenas chorava, desesperado, porque jamais teve coragem de me morder), não gostava de ração, fazia sucesso com as cadelas do bairro e não gostava de mendigos. Ele tinha outras duas características marcantes: não gostava de criança e sempre estava na rua (os portões ficavam abertos para ele, mas, mesmo se não, ele sempre daria um jeito de fugir, como a vez que escapou pelo telhado do vizinho), voltando para casa quando queria.
Sobre essas duas características que acordei pensando. Primeiro, ele odiava crianças. E eu era uma. Mas o Tusco me amava. Ele me amava por ter salvado sua vida, pelas tardes que passávamos juntos, pelas refeições que repartíamos, por eu deixar ele me acompanhar pelo bairro, onde quer que eu fosse. Ele me amava pelo que eu era por dentro, e não pela cara de criança que tinha por fora. Ele me amava com toda sua força e por isso suportava minha falta de idade. Por mim ele suportava tudo... e por mim ele daria a vida, como quase fez no dia em que se jogou dentro da boca de um doberman que apareceu do nada e ia me morder pelas costas, sem eu ver. E hoje, olhando para trás, eu vejo o quanto o Tusco, com seus olhinhos pretos redondos, me ensinava o que é “simplesmente amar”.
Outro fato que só percebi hoje é que o Pit me ensinou a diferença entre ser livre e ser ausente. Ele saia todos os dias e era, inclusive, fichado na carrocinha. Mas ele esteve sempre que eu precisei dele. Ele sempre voltou. E a lição mais dura que ele me ensinou foi a final: a diferença entre dar liberdade e abandonar. Em determinado momento os cães tiveram que ficar na chácara do meu pai, que contava apenas com um caseiro que dava comida para os bichos. E nos preocupamos com a segurança de todos eles, menos com a do Pitt, já que ele era esperto, safo, e estava acostumado a andar sozinho. Mas hoje entendi que ali ele não estava livre, ele estava sozinho, abandonado. E então, enquanto todos os cães viviam felizes, ele saiu... e nunca mais voltou.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Para ela...


Princesa dos olhos d’água, mais verdes e preciosos que a mais pura esmeralda. Cabelos de vento, inquietos e estranhamente macios como sua alma. De uma doçura ácida, como os chicletes que comíamos na infância, tentando não fazer careta. Equilibradamente assimétrica, como duas orelhas que fogem dos padrões, com certo ar de imperfeição perfeita. Mãos que nasceram como de rãs e cresceram como de pianistas, mas na verdade são de artista. Pés longos, feitos sob medida para levá-la onde seus sonhos de aquariana querem chegar. Sorriso aberto, espelho da alegria infinita que é abrigada em um grande coração, que bate por trás de seus seios pequenos, com mais força que a água de seus olhos. Hoje esse corpo moreno e imponente como duas grossas sobrancelhas pretas, que é feito de amor, de desejos, de liberdade, de força, de distração, de imagens e de música, completa mais um ano dançando nessa doce melodia: a vida!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Se ficar o bicho pega...


Voltaram às aulas, voltei à minha longa saga para chegar de Pinheiros, em São Paulo, a Barão Geraldo, em Campinas. Depois de uma hora e meia de viagem em um ar-condicionado que me fazia pensar que estava indo para o Alasca, tentei entrar na fila do ônibus para Barão. Digo tentei porque havia uma mulher caída no chão e, claro, todas as pessoas estavam ao redor dela, mesmo que os funcionários da rodoviária já estivessem cuidando do caso. Porque, claro, não basta você passar mal, é preciso que todos façam um roda em volta, te impedindo de respirar tranquilamente. Depois que perdi o ônibus porque não consegui chegar até ele, por causa da muvuca no local, e ouvi do funcionário que foi por culpa minha (eu que deveria estar mais atenta e não perder o ônibus), a moça foi removida, outro ônibus chegou e eu consegui entrar. Após descobrir que a passagem aumentou para três reais (era R$ 2,85), eu dei meu rico dinheirinho pro cobrador, que me devolveu o troco e falou: “pode ficar aqui na frente”. Após algum tempo de: “senta aí/ por que não posso passar?”, eu entendi o óbvio: “se eu não passar na catraca, eu não existo como passageira, logo meus trocadinhos podem ir parar nos bolsos do cobrador e do motorista”. Fiquei indignada e mais revoltada ainda quando vi que o cobrador fazia isso, de forma intimidadora, com todas as pessoas que pagavam em dinheiro.

Então comecei um conflito interno para saber se denunciava ou não. Cheguei à uma conclusão: falar é fazer o homem perder o emprego e dar meu dinheiro para o ladrão chamado governo. Não contar é dar meu dinheiro para o furto do pequeno ladrão que chamamos de cobrador. Jà dizia minha vó: se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. Perceber que estava nessa situação fez eu me sentir muito lesada e impotente diante da situação que me meu chefe define como “comportamento escravista”. Eu concordo muito com o que ele diz, porque o Brasil ainda é um país que se comporta como colônia, que age como se sempre fosse possível dar um jeitinho – e enche a boca para chamar a pequena corrupção, tão suja quanto a dos políticos, de jeitinho brasileiro. E vivemos de pequenos furtos, de não devolver o troco que vem a mais por engano do caixa, de não devolver livros que pegamos emprestados de bibliotecas e de tentar passar cédula falsa para frente. Tudo isso porque o mais difícil não é tirar um povo da situação de colônia... e sim tirar a colônia do povo.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Entre o céu e o inferno


There are more things in heaven and earth than are dreamt of in your philosophy – já dizia Shakespeare. É mais do que eu posso ver, mas eu quase posso sentir. Apesar de ter sido batizada, catequizada e crismada, criada sob preceitos católicos, talvez a cultura africana que corre em minhas veias nunca morreu. Não é tão simples quanto céu e inferno, quanto pecado e confissão. Você pode obter o que quiser, não existe bem e mal. Segundo algumas crenças de origem africana (creio eu que essa é a origem), os espíritos estão ali, neutros, prontos para te ouvir e te atender. A pergunta é uma só: você sabe que isso voltará em algum momento, demore o tempo que for, para você mesmo? Se a resposta for sim... que sua vontade seja feita. Religiosidades à parte, eu falo em energia, em ondas que vibram na mesma frequência, o clichê “você atrai o que transmite”. Não existe amor construído sobre mágoa, nem alegria que se sustente em lágrimas desesperadas e tampouco vida sobre morte. O contrário também vale. Parece-me simples perceber o erro, que grita o mais forte que seus pulmões cinzas são capazes de suportar, ecoando sofrimentos que dilaceram corações, talvez mais do que possam aguentar. Não é apenas sua vida que será impactada: é como um redemoinho que sugará todos ao seu redor para o mesmo buraco. Não adianta tentar nadar para fora, existe apenas uma forma de escapar: busque o bem, pratique o amor, se arrependa verdadeiramente do mal e livre-se da culpa. E hoje eu percebo: não é que estamos afastados ou ausentes, e sim que vibramos em diferentes frequências. Que o meu Deus (digo meu porque para mim não é um velho barbudo, nem um jovem que parece Tiradentes, mas uma grande bola de luz e energia boa, como um Sol, que esquenta, conforta e ilumina, alguém que não julga nem castiga, mas acolhe e abençoa) esteja com vocês.